ATA DA QUADRAGÉSIMA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 04.06.1999.

 


Aos quatro dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Carlos Alberto Garcia, Cyro Martini, Elói Guimarães, Gilberto Batista, Guilherme Barbosa, João Dib, Juarez Pinheiro, Maristela Maffei, Paulo Brum e Sônia Santos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Antônio Losada, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Helena  Bonumá,  João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, João Motta, Lauro Hagemann, Luiz Braz e Sonia Saraí. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Quadragésima Sessão Ordinária que, juntamente com a Ata da Trigésima Nona Sessão Ordinária, foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, a Indicação nº 37/99 (Processo nº 1830/99); pelo Vereador Cláudio Sebenelo, os Pedidos de Informações nº 80 e 81/99 (Processos nºs 1772 e 1773/99); pelo Vereador Eliseu Sabino, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Guilherme Barbosa, o Projeto de Lei do Legislativo nº 72/99 (Processos nºs 1819/99); pelo Vereador Isaac Ainhorn, o Projeto de Lei do Legislativo nº 71/99 (Processo nº 1800/99); pelo Vereador João Dib, 01 Pedido de Providências e os Pedidos de Informações nºs 82, 84 e 85/99 (Processos nºs 1809, 1820 e 1821/99; pelo Vereador Jocelin Azambuja, 03 Pedidos de Providências; pelo Vereador Paulo Brum, 01 Pedido de Providências. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 14/99, do Senhor Paulo Roberto Teixeira Guerra, Gerente do GETES/DEFIN do BNDES; 659/99, do Vereador João Proença, Presidente da Câmara Municipal de Sapucaia do Sul; 908 e 942/99, do Senhor Flávio Koutzii, Chefe da Casa Civil do Estado/RS; 983/99, do Senhor Gilberto Chiapinotto, Superintendente de Negócios da Caixa Econômica Federal - CEF. A seguir, foi apregoado Requerimento da Vereadora Tereza Franco, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Leão de Medeiros, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. Também, foi apregoada Declaração do Vereador Jocelin Azambuja, informando seu impedimento em assumir a vereança no dia de hoje, em substituição à Vereadora Tereza Franco. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à Senhora Maria Salete da Silveira Pinto, representante da Associação de Promotoras Legais Populares, que discorreu acerca da desigualdade social vivenciada pelas mulheres, especialmente no âmbito do trabalho, e procedeu à leitura de propostas aprovadas em Conferências Municipais e Estaduais  de  Direitos  Humanos, relativas à busca de melhorias para a população feminina mais carente, solicitando o apoio da Casa na implantação de projetos que atendam a esta finalidade. A seguir, os Vereadores Maristela Maffei, Elói Guimarães, João Carlos Nedel, Cláudio Sebenelo, Gilberto Batista e Leão de Medeiros manifestaram-se respeito do assunto abordado em Tribunal Popular. Na oportunidade, o Vereador Guilherme Barbosa, formulou Requerimento verbal, solicitando fossem distribuídas cópias do discurso da Senhora Maria Salete da Silveira Pinto aos Líderes de Bancada deste Legislativo. Às nove horas e trinta e quatro minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às nove horas e trinta e cinco minutos, constatada a existência de “quorum”. Em continuidade, o Vereador Adeli Sell registrou o transcurso, hoje, de dez anos de massacre de estudantes ocorrido na Praça da Paz Celestial, em Pequim, China. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 173/98, este discutido pelos Vereadores Elói Guimarães e João Dib, 55/99, este discutido pelos Vereadores João Dib e Gilberto Batista, 58/99, este discutido pelos Vereadores Elói Guimarães e Cyro Martini, 62/99, este discutido pelos Vereadores Elói Guimarães, Carlos Alberto Garcia e Cyro Martini, 63/99, este discutido pelo Vereador Elói Guimarães, e 65/99; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 135/97, este  discutido  pelos  Vereadores  Elói  Guimarães  e  Cyro  Martini, 44/99, este discutido pelos Vereadores João Dib e Gilberto Batista, 57 e 53/99, este discutido pelo Vereador Elói Guimarães; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 45  e  49/99, os Projetos de Resolução nºs 25 e 23/99, este discutido pelo Vereador Cyro Martini. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Bosco Vaz declarou estar preocupado com a possibilidade de proibição de venda de armas no País, conforme projeto do Governo Federal, afirmando que, caso tal projeto seja aprovado, o Estado do Rio Grande do Sul sofrerá perda significativa em sua economia. Ainda, teceu considerações acerca da necessidade de criação de programas de prevenção e erradicação da violência urbana. O Vereador Leão de Medeiros discorreu sobre questões referentes à segurança pública, declarando observar-se uma  intranqüilidade  geral  entre  a comunidade rio-grandense. Ainda, criticou a atuação do Senhor José Paulo Bisol à frente da Secretaria Estadual da Justiça e da Segurança, mencionando posicionamentos assumidos por esse Secretário, favoráveis à regulamentação do emprego de armas pelos policiais gaúchos. O Vereador Carlos Alberto Garcia, reportando-se ao pronunciamento do Vereador Leão de Medeiros, apoiou posições defendidas pelo Secretário Estadual da Justiça e da Segurança, acerca do uso de armas por integrantes da categoria policial, efetuando reflexões acerca do papel do policial na sociedade e das causas dos níveis de violência atualmente observados entre a população. O Vereador Guilherme Barbosa teceu considerações acerca das políticas seguidas pelos Governos Federal e Estadual no referente ao uso de armas pela população, afirmando estarem equivocadas as pessoas que acreditam que o uso de armas pode trazer maior segurança para suas vidas. Ainda, afirmou ser a polícia do Estado uma das melhores do País, ressaltando, contudo, a necessidade de um constante aprimoramento desses profissionais. O Vereador Gilberto Batista declarou-se contrário à regulamentação do uso de armas proposta pelo Secretário Estadual da Justiça e da Segurança e, tecendo análises acerca das condições de trabalho vividas pelos policiais gaúchos, declarou que os equipamentos utilizados por esses profissionais estão sucateados e, também, que não existe uma adequada política de assistência que viabilize maior tranqüilade durante as atividades por eles realizadas. Na oportunidade, o Vereador João Bosco Vaz  manifestou-se acerca de lei aprovada pela Casa, relativa à venda de réplicas de armas no Estado. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi aprovado Requerimento do Vereador Renato Guimarães, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Giovani Gregol, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cláudio Sebenelo disse ser o Senhor José Paulo Bisol a pessoa mais indicada para a Secretaria Estadual da Justiça e da Segurança, relatando o modo como o assunto segurança vem sendo tratado em nível internacional. Ainda, analisou questões relativas ao alto índice de violência com que atualmente convive a população brasileira. O Vereador João Dib traçou um quadro acerca da sociedade brasileira atual, afirmando ocorrer um clima de incerteza, medo, desesperança e intranqüilidade. Questionou a atuação da classe política frente a essa situação, destacando a necessidade de uma atuação mais efetiva do Congresso Nacional para a solução dos problemas básicos enfrentados pelo País. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado Requerimento verbal do Vereador Guilherme Barbosa, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Em Discussão  Geral  e  Votação,  foi aprovado o Projeto de Resolução nº 40/98, após ser discutido pelos Vereadores João Dib, Cláudio Sebenelo, Juarez Pinheiro, Clênia Maranhão, Luiz Braz e Elói Guimarães. Após, foi aprovada a Emenda nº 02 aposta a este Projeto. Na ocasião, o Senhor Presidente, respondendo Questão de Ordem do Vereador Elói Guimarães, prestou informações acerca da votação da Emenda nº 02 acima referida. Às onze horas e trinta e nove minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às nove horas e quarenta minutos, constatada a existência de “quorum”.  Em Discussão Geral e Votação foi apregoado o Projeto de Lei do Legislativo nº 47/98. Na ocasião o Senhor Presidente apregoou Requerimento do Vereador Hélio Corbellini, solicitando adiamento da discussão, por uma Sessão, do Projeto de Lei do Legislativo º 47/98, tendo o Vereador Luiz Braz  formulado  Requerimento  verbal,  posteriormente retirado pelo Autor, solicitando  votação  nominal  do Requerimento do Vereador Hélio Corbellini. Após, o Senhor Presidente, constatada a inexistência de “quorum”, declarou encerrados os trabalhos  às  onze  horas  e  quarenta  e um minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Nereu D'Ávila, Juarez Pinheiro, Paulo Brum e Adeli Sell e secretariado pelos Vereadores Adeli Sell e Isaac Ainhorn. Do que eu, Adeli Sell, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Estão abertos os trabalhos.

A Vera. Tereza Franco solicita licença para tratamento de saúde no dia 04.06.99.

 

(Obs.: Foi aprovado o Requerimento de licença da Vera. Tereza Franco e dada posse ao Suplente, conforme consta da Ata.)

 

Neste momento, passamos a direção dos Trabalhos ao Vice-Presidente, Ver. Paulo Brum.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

Hoje, a entidade que se faz presente é a Associação das Promotoras Legais Populares e o assunto é a desigualdade social em relação às mulheres.

A Sra. Maria Salete da Silveira Pinto está com a palavra.

 

A SRA. MARIA SALETE DA SILVEIRA PINTO: Excelentíssimos Senhores Vereadores que compõem a Mesa e demais presentes, eu sou a Promotora Legal, Maria Salete, a Coordenadora do SIM da Restinga, estou aqui representando a Associação das Promotoras Legais Populares.

As Promotoras Legais Populares têm a honra de participar desta Tribuna Popular, com a intenção de sensibilizá-los para a situação de desigualdade social contra a mulher.

A mídia fala muito sobre as conquistas femininas deste século. Dá-se uma grande ênfase à mulher do século 21.

A nossa experiência como Promotoras Legais mostra que o próximo Século estará iniciando com uma perspectiva muito ruim, o número de pobres está dobrando e a maioria deles são mulheres.

Não vamos falar em nível mundial e, sim, procurar focalizar a problemática em nível municipal. Segundo dados colhidos pela pesquisa de emprego e desemprego, divulgada pela Fundação de Economia e Estatística do Estado, as desvantagens contra as mulheres são muitas. Maiores dificuldades em entrar no mercado de trabalho, salários menores, exercício de atividades menos especializadas, desemprego que atinge mais as mulheres. Essa pesquisa mostra que a mulher ganha, em média, 70% do salário pago aos homens. Que, nos cargos de gerência e intermediários, direções superiores, não ultrapassam a 66% do obtido no universo masculino. Outro dado apontado é que 37% da mão-de-obra feminina ocupa postos de trabalhos classificados como precários. Nessa pequena análise dá para percebermos a desigualdade social contra a mulher economicamente ativa.

Na Conferência de Beijing, vários países assinaram pactos de políticas afirmativas, entre eles o Brasil, e também a nossa Prefeitura Municipal. Aqui, a comunidade reuniu-se em encontros e realizamos as Conferências Municipal e Estadual dos Direitos Humanos. Quando, novamente, nossos governantes comprometeram-se em criar políticas que diminuíssem as diferenças sociais da nossa população. Nessa Conferência foram aprovados 576 projetos, vou citar alguns que têm a ver com o tema proposto. Proposta nº 147: realizar pesquisa para levantamento de dados estatísticos sobre a situação das crianças e adolescentes e familiares para embasar políticas públicas de atendimento; proposta nº 152: implantar, em parceria com a sociedade civil organizada, o programa de apoio a familiares com problemas em relação a criança e o adolescente; proposta nº 164: garantir orientação do uso e distribuição gratuita do preservativo feminino junto aos postos de saúde; proposta nº 178: criar e implementar abrigos para adolescentes, garantindo-lhes todas as condições físicas e psicológicas para adolescentes e seus filhos, propiciando sua reinserção na sociedade; 212: criar dentro do Poder Público e Privado consórcio para capacitação e qualificação para emprego nas mais diversas áreas, incentivando o resgate das escolas profissionalizantes, acessíveis à parcela carente da população; 213: afirmar o direito ao trabalho, com direito às suas três dimensões: a - garantir a sobrevivência do indivíduo e dos que dele dependem; b - integrar o indivíduo no processo de produção referido no desenvolvimento da comunidade a que pertença; c - promover o desenvolvimento do indivíduo para a sua autonomia e liberdade; 307: implementar o Programa de Planejamento Familiar, através de uma equipe multidisciplinar com atuação nas áreas mais carentes; 315: o Estado deverá fiscalizar o cumprimento da Lei que estabelece que as empresas devem ter creches para os seus funcionários, bem como ampliar o valor da multa no caso das empresas infratoras. Enquanto perdurar a penalidade o Estado não fará convênios, concessões de empréstimos, negócios e nem permitirá a participação dessas empresas em licitações, até o cumprimento da Lei; 337: garantir às mulheres o acesso ao trabalho, estabelecendo políticas de combate ao desemprego feminino, apoiando iniciativas de autogestão, cooperativismo, através da implementação de programas de geração de renda que integrem financiamentos, acesso à tecnologia e capacitação, profissional.

Essas são algumas das ações que, se implantadas, poderiam mudar o panorama social do nosso Município. Aliás, as promotoras legais entendem que os representantes desta Casa deveriam ler as propostas aprovadas nesse Seminário e promover Projetos de Lei que regulamentassem ações concretas para que a crescente situação de miserabilidade da população feminina fosse freada.

Recentemente o CONDIM - Conselho Municipal da Mulher - fez um diagnóstico-balanço da política municipal de gênero, de Porto Alegre - período pós-Beijing - que será enviada a ONU. O sentimento que tivemos como conselheiras é de que não avançamos muito em relação às políticas com enfoque nas questões de gênero, na área de emprego e renda em Porto Alegre. Pois, segundo a pesquisa, não foi implantado nenhum programa destinado à capacitação, qualificação de mulheres para o mundo do trabalho. Não há política específica para mulheres chefes de família, sendo que é cada vez maior o número delas que sustentam suas famílias sozinhas, ou porque o marido está desempregado. Não há critérios objetivos que determinem prioridades para mulheres pobres  nos programas de habitação. A própria comunidade, como a Restinga, tem imposto esse critério como pontuação para ter acesso a programas.

O  próprio Sr. Sérgio Simoni da SMIC, sempre que é questionado, afirma não haver nenhum projeto direcionado à mulher. Aponta ações como cursos proporcionados pela FESC, por exemplo: confecção de cestas de jornal, flores, curso de crochê, tricô, etc. Mas nós sabemos que esses trabalhos de artesanato não dão condições econômicas às mulheres, condições para que possam sustentar suas famílias, na atual economia globalizada, onde produtos importados são vendidos a R$ 1,99.

O referido Sr. Sérgio Simoni também nos falou do projeto de educação profissional para a cidadania, o que em termos de vagas no curso de corte e costura oferece uma média de quinze vagas para cada região do Orçamento Participativo. E que tais projetos não são realizados com perspectivas de gênero.

Outro ponto que nos assusta, é o crescente número de adolescentes gravidas que abandonam a escola, aumentando esse contingente de mães sem escolaridade e preparação para o trabalho.

Só na Microrregião 7, em 1998, quando fazíamos verificações eficazes, de cada oito meninas que estavam fora da escola, cinco estavam grávidas. Não há programa de orientação e prevenção para adolescentes grávidas, em nível de saúde municipal, que atinja as comunidades carentes.

Outro problema em que atuamos diretamente é a questão da violência. Sabe-se que ela está aumentando assustadoramente nas comunidades e nas escolas, e que está diretamente ligada à violência doméstica, basta vermos os números de atendimentos nos Conselhos Tutelares e SIMs.

Entendemos que toda essa violência é o resultado deste modelo de sociedade que não tem valorizado e priorizado o ser humano em suas políticas. Informamos que não há serviço de orientação jurídica ou direitos da mulher proporcionados pela Prefeitura.

 

O SR. PRESIDENTE: Informamos que o seu tempo se esgotou, mas com a aquiescência dos Srs. Vereadores, V. Sa. poderá terminar o seu pronunciamento.

 

A SRA. MARIA SALETE DA SILVEIRA PINTO: Muito obrigada, Sr. Presidente.

Um exemplo bem nosso dessa distorção social é o Orçamento Participativo. Em levantamento feito de 1996 a 1999, temas como a assistência social, geração de renda, saúde e educação estão sempre acima da 5ª prioridade. Nas plenárias, as mulheres são a maioria, mas os homens é que são eleitos para delegados, por terem mais tempo para participar ou porque, algumas vezes, são subsidiados, pois formam parcerias políticas que lhes dão mais oportunidades de estarem nos espaços de discussões comunitárias para firmarem posições político-partidárias, sem contar que eles têm ainda as mulheres para cuidar de suas casas e filhos.

Acho que conseguimos dar uma visão da desigualdade social contra a mulher que ainda hoje existe. Queremos sensibilizar o Poder Legislativo para que se verifique o número de Projetos encaminhados e aprovados, que contemplem afirmativamente o tratamento social igual às mulheres. Que sejam contempladas, no Projeto de Lei que regulamenta o Orçamento Participativo, quotas de participação às mulheres, proporcionando também a elas oportunidades para que possam participar com assiduidade e qualidade nas decisões orçamentárias do Município.

Agradecemos a oportunidade, lembrando que na I Conferência Estadual de Direitos Humanos há duas propostas, que são do nosso interesse que, se fossem regulamentadas, ajudariam, em muito, o nosso trabalho, que são as seguintes:

42 - Reconhecer como função pública a atuação das Promotoras Legais Populares na defesa e promoção dos direitos humanos das mulheres, onde o programa das PLPs estiver instaurado;

174 - Capacitar as Promotoras Legais Populares e Conselheiros Tutelares para prestar atendimento à infância e juventude em todos os municípios do Rio Grande do Sul, encaminhando com mais agilidade os processos para as devidas comarcas.

As Promotoras agradecem o espaço concedido. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Vamos conceder um minuto para que as Bancadas se manifestem. A Vera. Maristela Maffei está com a palavra para falar em nome do PT.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Senhor Presidente e Senhores Vereadores, Sra. Maria Salete da Silveira Pinto, representando as Promotoras Legais Populares,  Senhoras e Senhores, ainda bem que a história demonstrou que as mulheres têm alma assim como os negros os pobres e aqui temos a demonstração de uma companheira que veio claramente expor a sua posição, a posição de um movimento.

Ainda bem que já estamos fazendo este movimento da questão das quotas, porque somos a maioria dentro do Orçamento Participativo, e isso não ocorre apenas por sermos mulheres, porque não basta ser mulher, o importante é sermos mulheres que sustentem sua posição, sabendo que podem conquistar um espaço político. Estamos encaminhando a quota ao COPI, e a Vila Lomba do Pinheiro, ainda neste ano, vai colocar em prática, onde 50% das mulheres atuarão não apenas como delegadas, mas como conselheiras. Isso tudo é uma luta, uma conquista. É importante termos a posição e referendar que não basta apenas ser mulher, mas sermos cada vez mais grandes mulheres. Não queremos ser mais do que ninguém, mas garantir um espaço que é da natureza humana.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Saudamos a Sra. Maria Salete da Silveira Pinto, Promotora Legal, e suas companheiras de luta pela brilhante, oportuna e adequada explanação que fez sobre esta matéria que a Casa também tem discutido, que é a discriminação histórica contra a mulher. Movimentos e intervenções como o que a Senhora faz, pela seriedade, no mais breve tempo possível, haverão de resgatar a dívida, de um modo geral, que a Nação e o homem tem com a mulher, uma dívida pela desigualdade que, no curso da história, determinou esta discriminação contra a mulher. E os mecanismos adotados, inclusive o meu partido, o Partido Democrata Trabalhista,  nas suas direções é a recomendação estatutária das quotas. Embora seja um mecanismo que poderíamos dizer que é autoritário, ele é importante nesta primeira fase de incorporação da mulher, naquilo que é de seu direito, e não favor. Receba os nossos cumprimentos e a nossa saudação pela brilhante intervenção que V. Sa. fez hoje, nesta Casa. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós, da Bancada do Partido Progressista Brasileiro queremos cumprimentar a Sra. Maria Salete da Silveira Pinto, pela análise objetiva que fez, mas depreendemos que as propostas são muitas, mas, na realidade, a prática não existe.

Colocamo-nos a sua disposição para discutir operações práticas e objetivas em benefício da mulher. Sabemos das dificuldades, mas achamos que nós, como Vereadores, temos a obrigação de estabelecer políticas concretas, e não só no papel, para que as mulheres tenham uma participação efetiva. Parabéns.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Senhor Presidente e Srs. Vereadores, Sra. Maria Salete, eu recomendaria a leitura das páginas amarelas da “Veja” desta semana, onde uma Promotora do centro do País dá uma entrevista sobre a desigualdade social das mulheres, em que as mulheres não precisam deste “coitadismo” nacional em volta de si. As ações concretas, a postura que a mulher irá acrescentar à ética na política, a sua  participação na vida pública, certamente, são mais sedutores do que propriamente a construção de um muro de lamentações. Passemos à prática. A chegada da mulher no espaço público deve ser saudada como um dos grandes acontecimentos deste século, segundo Eric Hobsbaum.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gilberto Batista está com a palavra.

 

O SR. GILBERTO BATISTA: Senhor Presidente e Srs. Vereadores, em nome da bancada do PFL, quero parabenizar a Sra. Maria Salete, através da Associação das Promotoras Legais Populares, pelo brilhante trabalho que está desenvolvendo. Parabéns.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Leão de Medeiros está com a palavra.

 

O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Senhor Presidente e Srs. Vereadores, a Bancada do PTB também se solidariza com a Sra. Maria Salete, da Associação das Promotoras Legais Populares, pelo trabalho realizado e pela bela exposição neste Plenário, desejando o máximo sucesso em suas empreitadas. Muito obrigado.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA (Requerimento): Sr. Presidente, em face do grande conteúdo da fala da Sra. Maria Salete da Silveira Pinto, gostaria que a Mesa distribuísse cópia do depoimento aos Líderes de Bancadas. Pelo menos, a nossa Bancada gostaria de receber.

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos agradecer a presença da Sra. Maria Salete da Silveira Pinto, que, hoje, trouxe a esta Casa as preocupações das mulheres que estão na busca do direito que é seu, que é de todo o ser humano. Esta Casa está sempre de braços abertos para recebê-las.

Suspendemos a Sessão por um minuto, para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 9h34min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 9h35min): Estão reabertos os trabalhos.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, hoje, está fazendo 10 anos que houve o massacre de mais de mil jovens e muitos feridos na Praça Celestial, na China.  Infelizmente, ainda continua a falta de liberdade. É o registro de uma data tão trágica para a liberdade, para a democracia, no nosso Século.

 

O SR. PRESIDENTE: Está feito o registro. Passamos à

 

 PAUTA

 

05 oradores/05 minutos/com apartes)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 3385/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 173/98, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que denomina Rua Arthur Mickelberg um logradouro público localizado no Bairro Vila Nova.

 

PROC. 1607/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 055/99, de autoria do Ver. Adeli Sell, que institui o Dia de Prevenção a Acidentes Toxicológicos no Município de Porto Alegre.

 

PROC. 1665/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 058/99, de autoria do Ver. Luiz Braz, que denomina Rua Odorico Fantinel um logradouro irregular localizado no Bairro Belém Novo.

 

PROC. 1687/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 062/99, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que denomina Praça Professor Cel. Jacintho Francisco Targa um logradouro público localizado no Bairro Partenon.

 

 PROC. 1698/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 063/99, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que denomina Rua Professor Adil Müller Quites um logradouro público localizado no Bairro Cascata.

 

PROC. 1711/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 065/99, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que disciplina o uso de bicicletas nas praças e parques de Porto Alegre.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 2354/97 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 135/97, de autoria do Ver. Cyro Martini, que denomina Rua Alberto Moraes um logradouro público localizado no Bairro Belém Novo.

 

PROC. 1491/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 044/99, de autoria do Ver. Gilberto Batista, que institui a Semana de Prevenção à Hepatite no Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. 1595/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 053/99, de autoria do Ver. José Valdir, que denomina Rua Amabile Samarani Ferreira um logradouro irregular localizado no Bairro Aberta dos Morros.

 

PROC. 1655/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 057/99, de autoria do Ver. Antônio Losada, que denomina Praça Marcos Machado um logradouro público localizado no Bairro Farrapos.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 1521/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 045/99, de autoria do Ver. João Motta, que denomina Rua Onevio Lopes um logradouro irregular localizado no Bairro Sarandi.

 

PROC. 1558/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 049/99, de autoria do Ver. João Motta, que oficializa, como evento do Município de Porto Alegre, a Corrida pela Vida.

 

PROC. 1561/99 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 023/99, de autoria do Ver. Cyro Martini, que dispõe sobre promoções educativas a serem desenvolvidas pela Câmara Municipal na Semana Nacional de Trânsito e dá outras providências.

 

PROC. 1608/99 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 025/99, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que concede a “Comenda Ayrton Senna da Silva” aos pilotos Claudio Barreto Ricci; Waldir Buneder; Ulysses Bertholdo Filho; Carlos Alberto Braga da Silva; Paulo Roberto Hoerlle; Antônio Miguel Fornari;  Jayme Carlos Rossler e Paulo André Nervo Raffin.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em Pauta Projetos que denominam ruas, logradouros da cidade de Porto Alegre - Rua Alberto Moraes, Rua Amabile Samarani Ferreira. Tivemos na Comissão de Constituição e Justiça a oportunidade de trazer o Sr. Secretário do Planejamento à Comissão para uma troca de idéias acerca, exatamente, dos logradouros públicos, na medida em  que temos encontrado algumas dificuldades no seio da Comissão com aqueles Projetos que não trazem o croqui. A Comissão de Constituição e Justiça tem firmado entendimento pela importância do croqui; é como o registro de imóveis, ele estabelece a localização e a autoria.

O Sr. Secretário esteve na Comissão e nos surpreendeu com algumas informações sobre ter remetido à Casa, às Lideranças, a relação de logradouros ainda não nominados em Porto Alegre. A maioria dos integrantes da Comissão ficou surpresa, pois essas informações não chegaram até eles. O Sr. Secretário também deixou um conjunto de informações que nós tivemos a oportunidade de fazer chegar a todos os Vereadores. Vejam bem: caso em que não há fornecimento de croqui; sugestões; casos que dificultam a agilização no fornecimento dos croquis; e, também, roteiro para acessar denominação de logradouros públicos. Este material está à disposição de todos os Vereadores para que se dê um bom encaminhamento à matéria dessa natureza.

A Comissão de Justiça faz um apelo para que, tanto quanto possível, se junte o croqui ao Projeto, uma vez que a Lei disponível sobre o assunto diz que o Vereador encaminhará ao Executivo, à Secretaria a informação de que está sendo dado o nome do logradouro. Mas isso nós sabemos que não resolve a questão. Nesse sentido, a Comissão de Constituição e Justiça vai legislar, mas, à médio prazo.

Assim, o que se impõe é que os logradouros tragam o croqui, sob pena de se cometer duplicidade de nomes, além de haver a possibilidade de se nomearem logradouros inexistentes, e isso tornaria a situação absolutamente insustentável.

É bom que se refira, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, uma Ordem de Serviço antiga, ainda do tempo do Ver. César de Mesquita, quando Presidente da Casa, que estabelece - numa Ordem de Serviço, é bem verdade, não pela Lei - que todo Projeto dever-se-ia se fazer acompanhar do croqui. Fica aqui a nossa manifestação nesse sentido, aproveitando para dizer que as ruas aqui indicadas - ruas Arthur Mickelberg,  Odorico Fantinel, Jacintho Francisco Targa e Rua Prof. Adil Müller Quites, dentre as outras -,  estão de forma devidamente instruída. Fica aqui a nossa manifestação, em especial para dizer que fizemos distribuir a todos os Srs. Vereadores esse material deixado pelo Sr. Secretário do Planejamento, Newton Burmeister. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores,  aproveitando a linha de raciocínio desenvolvida pelo Ver. Elói Guimarães, que me antecedeu nesta tribuna, é relevante salientarmos também que algumas denominações de logradouros, senão todas, devem merecer a avaliação e a aprovação dos moradores, dos residentes na área. Quando vejo uma proposta como essa, que procura denominar Cel. Jacintho Francisco Targa um logradouro no Jardim Universitário ou Sargento Geraldo Santana, no Partenon, fico um pouco preocupado, porque desconheço qualquer ligação do Prof. Targa com aquela região. Creio que os moradores devem merecer alguma atenção. Outra rua que me chama a atenção, olhando daqui para o companheiro Paulo Pacheco, lá de Belém Novo, é a que procura denominar Odorico Fantinel a um logradouro. Odorico Fantinel, que morava na Ponta Grossa, cuja família conheço, morreu num acidente de trânsito violento, e não sei se o Ver. Luiz Braz o conheceu. Foi uma figura extraordinária; meu amigo no tempo em que eu era Diretor do Departamento de Divisões Públicas quando, com o filho dele, tivemos a oportunidade de construir propostas sobre transporte.

Chamo a atenção para o cuidado que se deve ter com a denominação de logradouros. Esse logradouro que nós propomos a denominação de Alberto Moraes, afora o falecido Alberto Moraes, líder comunitário, líder do Orçamento Participativo e morador no Xavantes, Belém Novo - O Paulo Pacheco também conheceu bastante o Alberto Moraes, ele era da região. Não foi porque ele morou na região e a família mora lá, não, é por que os moradores pediram para colocar o nome dele. Então, nesse caso, existe boa argumentação e boa sustentação moral, moral no sentido de ter força.

 

O Sr. Antônio Losada: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Cyro Martini, essa correção vai levar algum tempo, mas considero uma preocupação muito justa que essas homenagens tenham uma correspondência com a comunidade, porque o que temos visto, no decorrer dos anos, são coisas estranhas, nomes de pessoas que, muitas vezes, não têm nada a ver com a Cidade, desrespeitando o sentimento da comunidade em prestar uma homenagem àqueles que, efetivamente, fizeram alguma coisas por essas comunidades.

 

O SR. CYRO MARTINI:  Eu entendo que mesmo com o abaixo-assinado, temos que ter alguma cautela, porque nós tivemos a denominação de um logradouro na  São José, ali onde mora o Luiz, que está me assistindo aqui, cujos moradores, na sua maioria, desconhecem que o logradouro recebeu o nome de uma pessoa de escol, uma pessoa que teve uma vida de significação e de trabalho pela comunidade, mas que eles não têm a menor idéia de quem tinha sido ele.

Uma outra proposta que merece a minha atenção, até porque sou o autor, é a que diz respeito a promoções educativas a serem desenvolvidas pela Câmara Municipal na Semana Nacional de Trânsito. Através dessa proposta, nós queremos integrar de vez, e profundamente, a Câmara na Semana Nacional do Trânsito de 18 a 25 de setembro. E  a instituição Câmara não pode ficar alheia, também tem que participar, e de modo a  marcar. Por que o trabalho educativo de trânsito visa a um processo de conscientização, e quanto mais promover nesse sentido, mais chance tem de alcançar sucesso. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra. Desiste. O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje está tramitando, em 1ª Sessão, no período de Pauta, um Projeto de nossa autoria que denomina Praça Professor Jacintho Targa um logradouro público localizado no Bairro Partenon. O Professor Jacintho Targa teve muitos méritos, um deles foi dedicar toda a sua vida à causa da Educação Física. Fundou a Associação dos Profissionais de Educação Física há cinqüenta e cinco anos; fez diversos cursos de atualização no Rio de Janeiro; foi Diretor da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Trabalhou em diversos lugares no magistério particular, como: professor de Educação Física na Escola Normal Rural da Arquidiocese de Porto Alegre; no Colégio Champagnat; no Instituto Nossa Senhora das Graças, como orientador educacional; no Colégio Ruy Barbosa; foi professor de didática em inúmeras Faculdades de Educação Física do Rio Grande do Sul. No magistério estadual ingressou em 1944, designado pelo Diretor do Departamento de Educação Física da SEC-RS, para elaborar o anteprojeto do Curso de Instrutores de Educação Física Militar, na Escola de Educação Física. No ano seguinte, assumiu a função de Diretor da Escola Superior de Educação Física do DEF/SEC-RS, reassumindo a respectiva função, em 1951. Em 1952, tornou-se catedrático interino de Metodologia da Educação Física e do Treinamento Desportivo da ESEF, assumindo a função de Superintendente de Educação Física e Assistência Educacional da SEC, de 1955 a 1957. De 1957 a 1960, fez parte do Conselho Técnico-Administrativo da ESEF. Ao ser a ESEF incorporada à UFRGS, tornou-se adjunto do quadro permanente de pessoal da Universidade, em 1970.

Jacintho Targa também atuou como Coronel da Brigada Militar. Foi membro do Conselho de Administração do Estádio Municipal, em 1948. Foi diretor de inúmeras colônias de férias. No setor esportivo ocupou diversos cargos importantes, como Secretário da Federação de Caça e Tiro; Diretor do Departamento de Desporto da Brigada Militar; Presidente da Federação Gaúcha de Pugilismo; Presidente da Comissão Desportiva da Sociedade dos Amigos de Tramandaí; fundador do Clube Farrapos; fundador do Panathlon Clube de Porto Alegre; membro do Conselho Regional de Desportos do Rio Grande do Sul.

A sua grande luta no País foi pela regulamentação dos profissionais em Educação Física, o Professor Targa - como era conhecido pelos seus colegas profissionais em Educação Física - infelizmente não teve a oportunidade de ver a sua grande luta ser coroada de êxito, porque a Educação Física, como profissão, somente  foi reconhecida no ano passado, em 1º de setembro. Durante os cinqüenta anos de sua luta pela Educação Física, diuturnamente ele conviveu com isto e, sem sombra de dúvida, foi uma das pessoas que mais lutaram em prol da categoria.

Fizemos uma rápida exposição das várias atuações dele, tanto como militar como profissional em Educação Física, nas diversas funções que exerceu. É das pessoas que fizeram muito pela Cidade de Porto Alegre, e o nosso entendimento é de que esta Cidade possa desenvolver um Projeto simples como esse e denominar uma praça em nossa Cidade com o nome de Professor Jacintho Targa, uma pessoa que trabalhou, e muito, em prol do desporto de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul e do Brasil. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra, para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, na Pauta, no dia de hoje, há uma proposição do nobre Vereador Reginaldo Pujol que homenageia o Professor Dr. Artur Mickelberg. Homenagem muito justa para uma personalidade que engrandeceu a Medicina porto-alegrense, gaúcha e brasileira. É absolutamente correta a colocação do Ver. Reginaldo Pujol para que a posteridade lembre sempre de uma figura que se destacou pela sua competência, pelo seu trabalho, pela sua dedicação à Medicina, e também pela sua sempre presente alegria de viver, porque o Dr. Mickelberg era uma figura simpática, sorridente e que contagiava os seus amigos com a sua alegria de viver.

Mas se estamos homenageando alguém que se destacou na Medicina, dois dos nossos Vereadores propõem a criação de dois dias vinculados à Medicina. O Ver. Adeli Sell pretende instituir o Dia da Prevenção a Acidentes Toxicológicos no Município de Porto Alegre. Confesso que quando li a ementa não fiquei muito entusiasmado, mas depois, analisando-a, vi que realmente a coisa é muito mais séria do que aparentemente se apresenta. Em dezessete anos o Centro de Informações Toxicológicas teve cento e quarenta e cinco mil atendimentos, uma média de oito mil e quinhentos atendimentos anuais. O problema, no ano passado, já estava na ordem de dezesseis mil atendimentos. São prestadas informações, àqueles que procuram o Instituto, sobre picadas de aranha, de cobra, plantas que podem ser tóxicas e agressivas à saúde humana.

O Ver. Gilberto Batista pretende uma Semana de Prevenção à Hepatite. Nós sabemos que a hepatite se difunde de forma muito rápida no nosso meio, e de repente é preciso tratar da conscientização que deva ter a população.

Mas ambos os Projetos, do Ver. Adeli Sell e do Ver. Gilberto Batista, segundo parecer da Procuradoria da Casa, contrariam a Lei Orgânica.

Eu tenho certeza de que o Prefeito vai sancionar, se a Casa aprovar os Projetos do Ver. Adeli Sell e do Ver. Gilberto Batista, porque dizem respeito ao interesse público, ainda que seja prerrogativa do Prefeito a iniciativa de Projetos de Lei, que originem gastos.

Mas estou falando isto porque acho que uma das coisas que o Regimento da Casa deveria ter é a previsão de que todos aqueles Projetos rejeitados pela Comissão de Justiça fossem arquivados. Nós teríamos menos trabalho na Casa, nós teríamos menos problemas de veto, nós teríamos menos problemas na rotina diária dos nossos debates.  A Comissão de Justiça diz que vota pela aprovação ou pela rejeição, eu acho que a Comissão de Justiça não vota nunca pela aprovação, no meu entendimento; ela vota pela tramitação ou pela não-tramitação. Assim é que deveria ser. E quando a Comissão de Justiça dissesse que era contrária à tramitação, o Projeto deveria ser arquivado, reexaminado pelo seu autor para ver se poderia apresentar de forma completamente diferente. Ai nós teríamos menos trabalho, mas os nossos Projetos de Lei, realmente, seriam muito mais respeitados.

 

O Sr. Elói Guimarães: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador). Eu estou atento, para dizer que V. Exa. coloca um ponto importante que, inclusive, a Casa poderia até legislar a respeito no Regimento, porque a Comissão de Constituição e Justiça é aquela que estabelece a condição sine qua non, que é a legalidade e a constitucionalidade, sem o que, nenhuma matéria pode ter algum êxito.

 

O SR. JOÃO DIB: Eu concordo plenamente com V. Exa. Espero que um dia nós cheguemos a essa condição. É o que acontece no Congresso Nacional e na Assembléia Legislativa. Quando a Comissão de Justiça diz não, terminou. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Vereador Gilberto Batista está com a palavra, para discutir a Pauta.

 

O SR. GILBERTO BATISTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, inicialmente quero agradecer ao Vereador Guilherme Barbosa, que gentilmente desistiu de se pronunciar no período de Pauta para que este Vereador pudesse falar sobre o seu Projeto. 

Assim como o Vereador Adeli Sell, que propõe a esta Casa o Dia da Prevenção de Acidentes Toxicológicos em Porto Alegre, este Vereador também sugere um Projeto que institui no município de Porto Alegre a Semana de Prevenção à Hepatite e dá outras providências. O motivo deste Projeto são os dados que recebi da Associação dos Portadores de Hepatite, que tem grande preocupação com essa doença, que se alastra rapidamente. A Organização Mundial da Saúde prevê, para o ano 2000, mais de 350 milhões de pessoas infectadas com o vírus da hepatite. Este é um dado real, porque a hepatite é uma doença silenciosa - o Vereador Cláudio Sebenelo, como médico, sabe bem disso -, que assusta a população. Segundo a informação, é um vírus que provoca uma inflamação no fígado, e pode ser transmitido, pelo sangue contaminado, através de instrumentos médicos, odontológicos ou qualquer outro instrumento que tenha contato com o sangue, até mesmo instrumentos de manicure. A gente sabe a dificuldade que têm esses consultórios, manicures, enfim, de terem seus equipamentos adequados e bem preparados para o uso, pois, com isso, evitamos a transmissão do vírus.

As hepatites B e C são as mais crônicas e as mais difíceis, elas possuem tratamento e têm cura. Mas a hepatite C só pode ser controlada, Srs. Vereadores, isto é, o portador desse vírus tem que conviver com ele para o resto de sua vida.

Este Projeto vem, na realidade, alertar as pessoas, principalmente da cidade de Porto Alegre, numa semana determinada à prevenção que, acreditamos, possa ser feita, evidentemente, pela Secretaria Municipal de Saúde. Nós sabemos que a Procuradoria deu um parecer dizendo que o Projeto é inorgânico, mas a apelação desse Projeto se volta para o benefício da população, principalmente de Porto Alegre.

O Ver. João Dib foi feliz na sua explanação dizendo que o Sr. Prefeito, acredito eu por um apelo de benefício à população, possa não vetar esse Projeto desde que, primeiramente,  possa ser aprovado nesta Casa, por unanimidade. Trata-se de um assunto de interesse da população, ou seja, volta-se especificamente à prevenção da saúde pública desta Cidade, e acredito que irá minimizar ou resgatar aquelas pessoas que não sabem que têm esse problema, para um tratamento futuro, com um custo não muito elevado. Por exemplo, um exame de sangue para detectar esse tipo de vírus custa em torno de R$ 18,00. Acredito que a Secretaria Municipal de Saúde, possa retirar esses valores para fazer, por uma semana, a prevenção dessa doença, que é uma doença silenciosa, perigosa e que vai ultrapassar, sem dúvida nenhuma, a AIDS, a diabete. Como é uma doença silenciosa e as pessoas não têm conhecimento, a contaminação é alarmante. Espero com isso estar ajudando algumas pessoas aqui na cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Assomo à tribuna para falar sobre essa cruzada nacional que, em parte, acho até equivocada, porque quando falo em cruzada nacional, falo no Governo Federal. Pego os jornais de hoje e vejo que o Presidente Fernando Henrique manda ao Congresso Nacional um Projeto para proibir a venda de armas no País todo.

A minha preocupação maior, em função desse assunto, é que já estamos vivendo no Estado um início de crise na segurança pública, em relação a uma Portaria do Sr. Secretário da Justiça e da Segurança, Dr. Bisol, que provocou uma reação dos senhores delegados. Mas, a minha preocupação maior, em função disso, é que somos um Estado  totalmente diferente, Ver. João Dib, porque temos aqui uma grande fábrica de armas que representa muito para a economia do nosso Estado. Se na realidade, for colocada em prática essa idéia, essa determinação, essa iniciativa do Presidente da República de proibir a venda de armas no Brasil todo, notadamente o Rio Grande do Sul, na sua economia, será prejudicado. Teremos mais desempregos e, com certeza, essa iniciativa do Sr. Presidente da República não vai resolver a questão da violência. Pesquisas apontam e sabemos, realmente, que 90% das mortes acontecem com armas de fogo, são pesquisas, são dados concretos. Agora, essa iniciativa de não permitir, através de lei, a venda de armas no País, não vai resolver a situação, vai aumentar a venda destas no mercado negro e, mais uma vez, os cidadãos de bem ficarão reféns dos bandidos.

Isso já acontece hoje, os cidadãos de bem estão em casa, trancados, com grades, com cachorros, com medo dessa violência, e os bandidos estão soltos.

Eu repito: a situação vai piorar em função desse Projeto do Sr. Presidente da República que proíbe a venda de armas no País todo, devido à existência do mercado negro que as comercializa.

Quando eu trago esse assunto à tribuna, Srs. Vereadores, penso que o mais importante nessa situação seria a prevenção, buscar alternativas, quem sabe dificultar ainda mais o porte de armas, criar critérios mais rígidos para que uma pessoa possa comprá-las. Agora, tomar uma posição radical, me parece, serve apenas como justificativa à sociedade pela falta de iniciativas do Governo Federal quanto à segurança pública, embora se discuta muito, e é uma discussão ampla, que segurança pública é responsabilidade dos governos estaduais, e eu, em tese, concordo com isso. Mas, o Governo Federal também tem que ter a sua parcela de colaboração nesse sentido.

O nosso companheiro, Ver. Leão de Medeiros, Delegado, foi Chefe de Polícia e me ouve atentamente, talvez queira, depois, usar o tempo de Comunicação de Líder do seu Partido para também abordar esse assunto, em função de todas essas situações.

Essa Portaria, por exemplo, do Sr. Secretário, aqui no Estado, José Bisol, que teria a intenção de funcionar como uma forma de prevenção à violência, é equivocada, o policial está diretamente no combate diário, no corpo-a-corpo com o marginal. Então, não serve a desculpa de que o policial primeiro atira para depois explicar. É uma questão de sobrevivência: ou sobrevive o marginal, que estupra, que mata, que rouba, que assalta, ou sobrevive o policial, que é quem tem que fazer a defesa da sociedade.

Eu entendo que o mais interessante seria a busca de alternativas para prevenção do crime com armas de fogo. Tentando entrar nessa possibilidade, protocolei, nesta Casa, um Projeto muito simples, que, acredito, será aprovado pelos Srs. Vereadores e pelas Sras. Vereadoras. Com certeza, esse Projeto vai contribuir para desarmar, literalmente, os ânimos, principalmente na noite de Porto Alegre. Ele prevê a obrigatoriedade de as casas noturnas de Porto Alegre instalarem detectores de metais, fixos ou móveis, para inibir os freqüentadores da noite de Porto Alegre de andarem armados. Sabe-se que muitos deles andam armados. Bebida com arma não combina, bebida com uma série de outras coisas não combina. Estar numa casa noturna bebendo e armado é um grande passo para que a violência ganhe mais um adepto.

Sr. Presidente, eu considero que deveríamos buscar alternativas de prevenção. Por isso, trago essa colaboração simples, muito simples, mas que deverá colaborar para o desarmamento, para a tranqüilidade, para a paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Leão de Medeiros está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em nome de muitos da comunidade de Porto Alegre, em nome de muitos da comunidade da Polícia Civil e da Polícia Militar, sou obrigado a retornar a esta tribuna para falar sobre a área da segurança pública, de uma forma séria, responsável, como exige o tema. Afinal, a violência, a criminalidade, a insegurança, são, ainda, infelizmente, os maiores flagelos das comunidades das zonas urbanas e das zonas rurais.

Já se disse que segurança pública é um assunto muito complexo, é assunto para técnicos, não para amadores. Existe um ditado popular que diz que “não deve um sapateiro ir além das suas chinelas”, por melhores que elas sejam. Para caminhar no lodaçal da criminalidade, da violência, essas chinelas não precisam ser emplumadas, mas precisam ter a experiência do combate à criminalidade. Refiro-me, especificamente, à área da segurança pública, no Governo do Estado, nesta nova gestão. São seis meses - meio ano - em que se constata a ausência total e absoluta de uma política de segurança pública. Enquanto isso, a criminalidade aumenta. O Centro da Cidade de Porto Alegre clama por uma maior presença de policiamento, e ele inexiste. Enquanto isso, nos gabinetes da área da segurança pública, só se trama, só se pensa em desprestigiar os dois órgãos que compõem os pilares básicos da segurança, que são a Polícia Civil e a Polícia Militar.

É perigoso tratar da segurança pública sem experiência e sem técnica, e aqueles que amealharam credibilidade podem perdê-la por não tratarem, de forma adequada, a segurança pública. Podem até cair no ridículo, como estão caindo, agora, os que estão dirigindo os destinos da segurança pública.

A última Portaria sobre a segurança pública é o corolário do que não se deve fazer na área da segurança, a tal ponto que a minuta do próprio anteprojeto, elaborado para tratar do emprego das armas pelos policiais civis e militares, foi surrupiado da mesa do Secretário da Segurança - o próprio Secretário diz isso. Ou seja, aquele que nos deve dar segurança, que é a maior autoridade policial, conforme a Constituição do Estado, é surrupiado, é iludido. Ele nem leu a Portaria, conforme, publicamente, divulgou, e está abrindo uma sindicância para saber como isso foi parar na outra ponta, causando intranqüilidade geral na população, uma vez que não foi debatido o assunto. Chegou-se até a cogitar que os policiais, a partir de agora, não andariam armados; isso, e referindo também o que falou o Ver. João Bosco Vaz, quando o Governo Federal pretende acabar com a comercialização de armas no País. Será que a violência está nos policiais, como pensa, talvez, o Secretário José Paulo Bisol? Se é por isso, deveríamos fechar as construtoras de portas para casas; as fechaduras talvez sejam obrigadas a deixarem de existir, ou vamos deixar o campo aberto para o delinqüente roubar e matar a população ordeira e comum das comunidades? O culpado por essas trapalhadas na área da segurança pública não é somente o Secretário. Todos nós sabemos que aquele que dirige uma equipe esportiva - desculpem-me pela comparação prosaica, mas correta que se faz - é sempre o técnico que escala os jogadores para as melhores posições, para renderem mais. Portanto, se a área da segurança pública está entregue a um atrapalhado conjunto de pessoas e assessores que não conseguem proporcionar segurança e só geram intranqüilidade, sem dúvida a responsabilidade é do “técnico”, que é o Governador do Estado, que o escalou.

É claro que nós sabemos que nesse time só jogam pessoas canhotas; gente que só tem o pé esquerdo. Mas devem-se aproveitar os melhores talentos para as melhores situações. O Secretário da Segurança pode ter as melhores qualidades individuais como jurista, mas, sem dúvida, é uma negação na área da operacionalidade.

Eu poderia arrolar tudo aquilo que ele já fez de errado e lembrar daquilo que ele não fez, como não ter tratado das promoções da Polícia Civil, não tratou dos aumentos aos agentes, prometidos pelo Governo que está no Poder; sequer visitou qualquer policial ferido em combate, enquanto se preocupa com o delinqüente, desarmando a população e o pessoal da Polícia Civil.

Lembro, também, que S. Exa. jamais se preocupou com as esposas de cabos e soldados, que tiveram que invadir o prédio do IPE, em busca de uma recompensa salarial, prometida pelo Governo do Estado. Lamento que essas trapalhadas tenham gerado  essa intranqüilidade no seio da nossa comunidade.

Agradeço a generosidade de V. Exa., Sr. Presidente, e pretendo voltar a esta tribuna para tratar mais demoradamente deste assunto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra em Comunicação de Líder, pelo PSB.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ouvi atentamente duas manifestações de duas Lideranças aqui da Casa, PDT e PTB. E ouvi suas acusações fazendo comparações: segurança pública com futebol. Perdoem-me,  mas não tem nada a ver. O futebol precisa de segurança pública, sim, para melhor poder desenvolver suas atividades. Mas o que queremos resgatar aqui é o que o Secretário tem dito publicamente. Primeiro, que essa determinação foi algo acordado pela ONU. O Brasil assinou um documento, juntamente com os demais países, propondo uma diminuição da violência. E o próprio Secretário faz questão de explicitar que o uso da arma de fogo deve ser a última alternativa.

 E é nesse aspecto, de dar uma melhor qualidade de vida, que a Secretaria de Segurança está fazendo essa proposta. E sabemos que as pessoas, por mais preparadas que possam estar, ao usarem uma arma, num determinado momento, podem vacilar, porque são humanas. Mas por estar incutido em suas mentes que elas têm que se pronunciar, dá um break. É o momento de fazer uma reflexão, embora momentânea, mas é isso que se quer. O que o Sr. Secretário de Segurança tem colocado publicamente, e, isso sim, vai ter que ser apurado, é que em primeiro lugar não existe Portaria, como foi dito aqui. Existia uma minuta de Portaria, e isso é diferente. Portaria é quando algo foi publicado. O que, na realidade, aconteceu, é que esse assunto iria ser discutido primeiramente no seio dos policiais, e vazou. Aí deu-se um tom hilariante. Qual foi o tom hilariante que se deu? Agora o policial vai dizer: eu estou portando uma arma e tu que te cuide. Não é essa a intenção. A intenção maior é a vida humana. E quando estivermos tratando com a vida humana, temos que ter muito respeito, dignidade e seriedade, pois, às vezes, as pessoas, ao portarem uma arma, julgam-se deuses. É isso que temos que cuidar. É exatamente isso que o Secretário de Segurança quer, que o Brasil e os demais países da ONU se unam nessa luta que está acontecendo cada vez mais no mundo. É o sentimento de barbárie está cada vez mais presente. As pessoas já não têm mais sentido de vida, matam, simplesmente, sem saber por que estão matando. Isso é muito sério. Então, cabe àquelas pessoas zelarem pela segurança. Essas pessoas têm que dar o exemplo. Ou alguém já não viu um filme americano em que um policial prende uma pessoa e diz que ela tem o direito de permanecer calada? E aqui no Brasil, se faz isso? Não se faz, porque, em primeiro lugar, a pessoa já é condenada antes de ser julgada. E esse preceito nós temos que ter bem claro. Isso é uma mudança, são concepções novas, muito fáceis de se criticar. E o Secretário de Segurança, Dr. José Paulo Bisol, insiste nesse aspecto. O que ele quer, na realidade, é uma polícia efetiva, cuidando, sim, da segurança. E ele sabe que ela é a responsável pela segurança. E nós estamos vivendo um dos piores momentos, mundialmente, quanto à segurança pública. O que queremos, de uma hora para a outra, é que se analise, não em tom hilariante ou vexatório, mas com o respeito e a dignidade que todo o cidadão merece, porque por vezes julgamos e condenamos pessoas antes do seu direito de defesa. Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, acho que é um debate, sem dúvida, dos mais interessantes que foi trazido a esta Casa, e são dois assuntos que terminam-se interligando. Um, de iniciativa do Governo Federal, quanto à proibição de venda de armas no País, e outro, de iniciativa do Governo Estadual, instituindo uma Portaria que se implementaria na nossa Polícia.

Confesso - e a nossa Bancada ainda não discutiu sobre isso - que não tenho uma posição firmada sobre a questão das armas, mas tenho algumas reflexões a socializar com os colegas Vereadores. Acho que é um engano - e disso tenho certeza, mas não no todo - as pessoas acreditarem que elas poderão fazer a sua própria  segurança comprando uma arma. A arma é um elemento potencial de violência e de perigo, e toda a pessoa  que tem uma arma próxima de si - e isso é provado -, ao menor risco, tende a utilizá-la. E se a pessoa não é treinada para usar essa arma, a arma termina voltando-se contra ela, ao contrário do que pretenderia quem a porta. Ela traz mais insegurança, mais violência.

A segurança pública, a segurança de todos nós deve ser garantida pelas forças públicas, senão estaria estabelecida definitivamente uma guerra civil. Nós, individualmente, não podemos achar que seremos nós que devemos fazer a nossa segurança. Isso é um erro crasso, completo, absoluto. Não sei se é certo proibir completamente a venda das armas, porque é também verdade o argumento de que haverá um comércio clandestino de armas muito forte. Isso é verdade, mas pode ser contido, se a Polícia Federal fizer um trabalho forte evitando isso. Portanto, temos que discutir, mas rejeito completamente a idéia de que se cada um de nós tiver uma arma em casa está feita a nossa segurança; ao contrário, estará feita uma guerra civil nas nossas ruas, e não é por aí.

A questão sobre a Portaria que a nossa Secretaria estaria implementando, em primeiro lugar, ontem estive ouvindo, rapidamente, um trecho de um debate na Rádio Gaúcha onde estava o Secretário-Substituto Lauro Magnano. O Secretário estava dizendo que é uma minuta de Portaria, não está implementada ainda, é uma proposta para a  discussão. Em segundo lugar, eu quero dizer que se alguém vier a este microfone para dizer que a nossa polícia, que é uma das melhores do Brasil - eu não tenho dúvida -  não tem problema, que é a polícia que nós gostaríamos de ter, pelo menos nós, do PT, e eu sei de outros partidos da Frente Popular, se alguém disser que essa nossa polícia é a polícia ideal, que não tem problemas nessa polícia, grandes problemas, ora, está falando coisa que não tem a ver com a realidade. Lembro-me de uma música de Chico Buarque, há algum tempo, é certo, onde ele dizia “ Chama o ladrão, chama o ladrão”, quando via a aproximação da polícia. Está certo que não é o mesmo nível do Rio de Janeiro, aqui no nosso Estado, mas tem muito que avançar, tem muito que melhorar. A Polícia Civil, a Polícia Militar devem passar uma visão de que são instituições na defesa do cidadão, mas, às vezes, elas se comportam como se estivem atacando o cidadão. As pessoas, às vezes, têm medo das polícias, quando exatamente elas deveriam ter a sensação de proteção ao senti-las próximas. A nossa Polícia é uma das melhores do Brasil, a maioria dos seus membros são qualificados e honrados, mas há muitos problemas que temos que melhorar. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gilberto Batista está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. GILBERTO BATISTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, volto a esta tribuna porque o tema tratado aqui, hoje, é de extrema importância, porque fala a respeito da segurança da nossa população, da segurança  do nosso Estado do Rio Grande do Sul. Inicialmente, concordo com o Ver. Guilherme Barbosa, quando diz que os profissionais dessa área, os policiais civis, os profissionais da Brigada Militar são pessoas íntegras, honestas, transparentes, pessoas que desenvolvem o seu trabalho a contento. O Vereador falou que essa é a melhor Polícia do País. Eu penso que ela poderia ser melhor, Ver. Guilherme Barbosa.

Há duas ou três semanas, estive nesta tribuna falando sobre o tema de segurança, falando sobre uma palestra que escutei atentamente, de um oficial da Brigada, em um clube, numa reunião do Rotary, e aquele Oficial Comandante do Batalhão da Zona Norte de Porto Alegre pedia mais equipamentos, disse que não havia viatura, faltava combustível, não havia balas, havia dois policiais da sua Corporação que foram atingidos acidentalmente por uma bala - e, ironicamente, ele disse: “acidentalmente” -,  por dois assaltantes. Essas pessoas, assim como outras que vimos, em nível de imprensa, jornal, foram até a Secretaria, humilharam-se, pedindo que o Governo do Estado as ajudassem em seu tratamento, na compra de remédios, na fisioterapia. Nós temos muitos problemas, e graves, aqui na Polícia, porque um policial pode ser bom, Ver. Leão de Medeiros, um ótimo profissional, mas se ele não tem equipamento necessário para exercer sua função, a sua tarefa, fica sendo um mau policial, porque a população enxerga ele dessa maneira. Se não vai, é porque não tinha viatura; se  não atirou, é porque não tinha bala; se a viatura não entra, é porque não teve combustível. Vai dizer que essa não é a polícia do Brasil? Profissionalmente, não tenho nada contra os policiais, mas tem que haver equipamentos. O Governo do Estado está sucatado.

A questão das armas é um problema complexo. O Ver. João Bosco Vaz  acha que o Presidente Fernando Henrique é radical. Mas é uma maneira que o Presidente tenta encontrar para diminuir a violência. Acredito que está no seu coração e no seu pensamento a intenção de frear a violência neste País e, conseqüentemente neste Estado e nesta Cidade. Vamos encontrar outras maneiras, outras soluções. O Presidente deve estar aberto a essa conversação, o Ministro da Justiça. Acredito que é uma maneira de trancar a violência.

Sei que temos fabricantes de armas no Estado, que fabricam armas. Preocupa-se com o desemprego. Mas o Governo do Estado não se preocupou em vetar o Projeto do Dep. Sérgio Zambiasi na Assembléia, que cria a frente de trabalho para o Estado, que foi vetado pelo Sr. Governador. Isso não foi falado, e é emprego que perde. Claro que é.

A questão da Portaria, é bom que seja revista essa minuta. É muito bom que seja uma minuta, porque é uma coisa ridícula que o Secretário tenta implantar no Estado, onde o policial que já foi atingido por algumas balas está na cadeira de rodas pedindo ajuda ao Governo do Estado. Vamos ter um número maior de policiais nessa situação se essa Portaria vingar. Teremos várias pessoas na Secretaria de Segurança, no gabinete do Governador pedindo auxílio de remédios, fisioterapia, porque é inadmissível que um policial que está tratando com um bandido, com uma pessoa que não tem caráter, para quem a vida da pessoa não vale nada, vá querer dizer que está armado.  Esse homem está louco, porque, desculpem, o senhor Secretário não deve estar pensando adequadamente sobre a segurança desse Estado. É bom que essa minuta seja retirada, não seja discutida no seio da polícia civil e militar, porque isso não vai dar certo. É motivo de gozação. É inadmissível que uma coisa dessas aconteça. Vou, então, nesta tribuna, solicitar aos policiais civis e militares que deixem os assaltantes assaltarem, porque não vão colocar sua vida em risco por um governo que não está nem aí. Depois que acontece alguma coisa, não ajuda em remédios, fisioterapia e deixa a sua família lá à mercê das coisas. Muito obrigado.

 

(Não  revisto pelo orador.)

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr. Presidente, foi apresentado um Projeto, nesta Casa, - talvez na Legislatura passada -, que já é Lei, do Ver. Edi Morelli, do PTB, que proibia que os próprios camelôs e lojas vendessem réplicas de armas de fogo. Esta Lei está em vigor e nunca foi cumprida. Seria uma forma de educar as nossas crianças, educar o nosso povo, se esta Lei fosse cumprida.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães solicita licença para tratamento de assuntos particulares no dia de hoje.

 

(Obs.: Foi aprovado o Requerimento de licença do Ver. Renato Guimarães e dada posse ao Suplente, conforme consta da Ata.)

 

O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, talvez a pessoa mais preparada, mais culta, que soma maiores atributos pessoais para exercer o cargo de Secretário da Justiça no Rio Grande do Sul seja indiscutivelmente o Dr. José Paulo Bisol. É muito difícil cobrar segurança agora, quando ele assumiu há cinco ou seis meses. Em nível político, poucas pessoas têm o preparo, a competência, a postura e a dignidade do Dr. José Paulo Bisol.

Eu queria fazer alguns lembretes aos Srs. Vereadores. O primeiro deles é que a polícia urbana de Londres continua não usando armas de fogo. A polícia de repressão usa. A palavra ashamed, que em inglês que dizer “vergonha”, ficou durante quase um dia inteiro nas redes de televisão no dia do assassinato do Presidente John Kennedy. Alguma coisa há que se fazer. O mundo inteiro, estarrecido com essa verdadeira guerra civil não declarada em quase todos os países do mundo, obrigou os organismos internacionais a divulgarem, para todos os países do mundo, um conjunto de medidas estudadas por técnicos, entre elas, o desarmamento.

A proibição de armas, uma das medidas a serem tomadas no combate a esse problema complexo e cada vez mais difícil - e aí se inclua o debate sobre a pena de morte -, é apenas um dos argumentos, uma das formas de diminuir essa violência social. Quero lembrar que no Estado do Rio Grande do Sul existem duas polícias, e na cidade de Porto Alegre uma terceira, a EPTC, que tem poder de polícia - o Vereador me aparteia lembrando que existe uma quarta, que não podemos esquecer: a polícia particular. Mas o problema é que a formação do policial de nível básico é, ainda, extremamente deficiente. Os graves problemas de corporativismo das nossas polícias têm que ser enfrentados com realidade pelas Secretarias de Segurança. As polícias militarizadas, diferentes da policias civis, com estatutos e hierarquias totalmente diferentes, levam à sociedade uma mensagem extremamente ambígua. Os problemas de ordem da segurança pública são tão graves, e temos tanta sensibilidade a esses tipos de problemas, que eles necessitam de uma atitude imediata contra um problema de conseqüências extremamente agudas.

Nós sabemos que prevenção - e se faz prevenção - prevenção tem resultados a muito longo prazo. Nós estamos vivendo em condições insuportáveis de agressão e de violência, numa sociedade que é extremamente violenta. O capitalismo, assim como foi o socialismo, se mostra muito violento. A violência vem do seio da sociedade, passa para o Estado, que a devolve para a sociedade, formando um círculo vicioso muitas vezes insuportável. O desarmamento seria um dos remédios para o problema da auto-segurança. Mas a insegurança não é só um fenômeno social, é também econômico. Quando estimulamos a competição social, quando estimulamos o paroxismo, em níveis insuportáveis,  todos os tipos de competição, certamente o problema do porte de armas não será resolvido de uma hora para outra. Tanto é assim que, muitas vezes, as armas de fogo usadas como esporte e lazer, de repente transformam-se em armas assassinas. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pelo PPB.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, dificilmente eu ouso falar fora dos limites de Porto Alegre, que é a Cidade pela qual eu fui eleito para representar os seus interesses. Mas o Brasil vive um momento de angústia, de medo, de incerteza e de tensão, e isso tudo são as razões da falta de patriotismo daqueles que têm que nos orientar, que têm que nos assegurar a realização do  bem-comum.

Nós ficamos preocupados, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em destruir, e não em construir.

No inicio deste ano, viajando pelo interior do Estado, eu observei que em alguns lugares a bandeira do Brasil era desfraldada. Aquilo me chamou a atenção, mostrando que era possível reerguer, no coração de todos os brasileiros, o patriotismo que está esquecido.

Nós preferimos a onda de boatos, a onda de inverdades, a onda de incertezas, ao contrário do que nós deveríamos fazer: ser sempre, absolutamente, responsáveis. E enquanto eu viajava, eu pensei: “É possível fazer-se uma campanha no sentido de lembrar aos brasileiros que têm responsabilidade sobre nós, que eles devem pensar em primeiro lugar Brasil” Fiz um decalco, encaminhei, em primeiro lugar, ao Presidente da República, aos Governadores de Estado, aos Deputados Estaduais, aqui na nossa Assembléia, aos Deputados Federais da bancada gaúcha, para que se conscientizassem de que era necessário pensar Brasil. E fui divulgando aquela minha lembrança dentro das reduzidas possibilidade que eu tinha. Mas, hoje, eu fico, realmente, entendendo que tem o Brasil todas as razões de ter medo, angústia, e até, de repente, desesperança.

O Congresso Nacional, que deveria dar as leis necessárias para que o País progrida, para que o País cresça, para que o povo viva melhor, dificilmente se reúne. Faz anos que nós ouvimos que há uma necessidade de reforma administrativa, reforma fiscal, reforma tributária, reforma política, e o Congresso, já vai terminar o primeiro semestre deste ano, e não fez nada.

Já estão falando se vai haver convocação extraordinária no mês de julho, para que se dê seqüência ao estudo das reformas que o País precisa. O Governo já disse que não vai fazer a convocação extraordinária, mas eu tenho quase certeza de que em julho haverá acertos e nós teremos uma convocação extraordinária, quando os Deputados receberão mais dois salários. Mas eles têm que trabalhar o ano todo, não pode ser de terça à quinta! Nesta semana, como quinta era feriado brasileiro, o Congresso Nacional praticamente não funcionou. Isso não pode continuar assim!

Enquanto isso, revivem telefonemas grampeados, que já haviam sido publicados no ano passado, para causar, no povo brasileiro, mais incerteza, mais insegurança, mais intranqüilidade. Mas onde está o patriotismo? Onde estão os responsáveis pela política brasileira, que querem que o Presidente da República renuncie? Mas ele está no quinto mês do segundo período de governo. Que estabilidade terá o País quando aqueles que têm a responsabilidade de ajudar o Presidente a dirigir o País estão pedindo que ele renuncie? Que progresso teremos nós quando o Governador de Minas Gerais declara moratória? Que progresso teremos nós quando o Governador gaúcho deposita em juízo, e até ilegalmente, para não pagar, aquilo que deve e que foi contratado?

Não estou entendendo as coisas que estão ocorrendo neste País. Por que a CPI e as medidas todas que precisam ser tomadas não são tomadas com urgência urgentíssima e punam-se os culpados exemplarmente. Por que, de repente, os políticos estão colocados na pior categoria em matéria de credibilidade. Por quê? Porque não trabalham; porque não assumem as suas responsabilidades; porque negociam seus votos; porque colocam mão e contramão - toma lá, dá cá. Isso não pode continuar assim! É preciso pensar Brasil! O Brasil somos nós. O Brasil são aqueles que foram escolhidos por nós para nos ajudar a realizar o bem-comum.

Esta Casa Legislativa de Porto Alegre - que trabalha todos os dias - depois de um dia feriado, hoje tem trinta Vereadores em Plenário para dar continuidade aos trabalhos. Nós também poderíamos ter feito feriadão. Não havia por que não fazermos, se o Brasil inteiro está fazendo. Mas tem que haver responsabilidade, tem que haver seriedade, tem que haver honra, tem que haver dignidade ou este País não vai crescer. Cadeia para os que estão fazendo a dilapidação de nosso patrimônio, e justiça para aqueles que querem acertar as boas coisas que nós precisamos para o povo brasileiro.

Nós temos falta de saúde, falta de educação, falta de estradas, mas não temos falta de ausência no Plenário do Congresso Nacional, onde tudo deveria-se decidir.

Nós ficamos pensando que, quando perdermos todo esse medo, perderemos toda essa angústia, toda essa preocupação, se pensarem Brasil, teremos tranqüilidade.

 O  Presidente alerta que o tempo se escoou; o meu entusiasmo pelo Brasil, pela nossa Porto Alegre fez com que eu passasse o tempo, e eu peço desculpa. Saúde e paz!  Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Quero registrar que esta Presidência sempre tem uma pequena tolerância para que os oradores possam completar o raciocínio, após vencido o seu tempo. De modo que não constrangeria o Ver. João Dib nem qualquer outro Vereador. Sua Excelência falava sobre algo que, hoje, é muito importante para toda essa Instituição, porque enquanto muitos estão fazendo feriadão, queriam que essa Casa não funcionasse, estamos a pleno vapor com os trinta e três Vereadores. O Ver. João Dib falava em nome da Casa e, por isso, uma certa tolerância com o seu tempo, e aliás temos tido tolerância sempre que o orador precisa completar o seu raciocínio.

Nenhum Vereador nunca tem exagerado na ultrapassagem do tempo de seu pronunciamento. Eles são comedidos, porque sabem que o Regimento deve ser cumprido e tenho só elogios a fazer ao conjunto dos Vereadores desta Casa.

Chamada nominal para entrarmos na Ordem do Dia.

Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

O SR. GUILHERME BARBOSA (Requerimento): Requeiro, Sr. Presidente,  que o PR nº 040/98 seja o primeiro Projeto a ser apreciado na Ordem do Dia.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Guilherme Barbosa. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05 minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 2636/98- PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 040/98, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo, que altera o inciso III do art. 120 da Resolução nº 1178, de 16 de julho de 1992, com a alteração introduzida pela Resolução nº 1232, de 25 de abril de 1994 (Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre). Com Emendas nºs 02 e 03.

 

Parecer:

- da Comissão Especial: Relator Ver. Antonio Hohlfeldt: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 02 e pela rejeição da Emenda nº 03.

 

Observações:

- retirada a emenda nº 01;

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – Art. 82, § 1º, II, da LOM;

- a Emenda nº 03 não será submetida à votação (Art. 55 do Regimento);

- discussão e votação nos termos do Art. 126, § 4º, do Regimento.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PR nº 040/98. Para discutir, com a palavra o Ver. João Dib.  

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em Comunicação de Líder eu dizia que falava fora dos limites geográficos do município de Porto Alegre, eu falava na minha campanha Pense Brasil. Mas, a votação desse Projeto de Resolução, proposição do Vereador Cláudio Sebenelo, demonstra o interesse da Câmara Municipal de Porto Alegre na discussão das matérias que dizem respeito ao bem-comum da Cidade. E é assim que deveria ser no Brasil inteiro.

Por que surgiu o Projeto de Resolução do Vereador Cláudio Sebenelo? Porque no ano passado, na discussão da Lei de Diretrizes Orçamentárias, na Pauta especial - são cinco Pautas, onde quatro oradores poderiam falar por 15 minutos -, nós tínhamos uma disputa acirrada para que houvesse inscrição. Eu tive a felicidade de falar em todas as Sessões de Pauta, colocando as minhas idéias sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a idéia da minha Bancada, mas a maioria dos Vereadores não conseguiu.

O Vereador Cláudio Sebenelo apresentou Projeto de Resolução; o Vereador Guilherme Barbosa, o Vereador Cláudio Sebenelo e este Vereador assinamos uma Emenda, que deverá ser aprovada e que deverá ser o corpo do Projeto de Resolução, para dar oportunidade a seis Vereadores em cada uma das Sessões especiais, a fim de que se faça o debate amplo da Lei de Diretrizes Orçamentárias, que é a peça básica para a organização do orçamento do Município. E o mesmo vai acontecer quando nós formos discutir o orçamento. Ao contrário de quatro Vereadores, nós discutiremos em seis Vereadores, dando oportunidade a mais parlamentares de se assenhorarem do Projeto em debate e, sobretudo, de contribuírem para que se faça um belo Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias e, depois, uma proposta orçamentária muito bem discutida.

Esta Câmara, nos últimos seis anos, não deixou de realizar nenhuma das suas Sessões Ordinárias nas segundas e quartas-feiras à tarde e sextas-feiras pela manhã, não faltou quórum. Tivemos  presenças, às vezes, às 19h, 20h, de 32 dos 33 Vereadores, quando não estavam os 33 Vereadores. Eu sei que, às vezes, discutimos matérias que não têm, aparentemente, importância maior, mas, quando se trata da cidade de Porto Alegre,  estamos presentes.

Nós das Bancadas de oposição pedimos urgência para Projetos do Executivo que dizem respeito à Cidade, e é isso que os legisladores deveriam fazer. É por isso que me orgulho de ser Vereador desta Câmara, porque eu vejo que aqui se trabalha. E essa preocupação, iniciada pelo Ver. Cláudio Sebenelo, complementada pelo Ver. Guilherme Barbosa e por este Vereador, não por nós três, mas pelas nossas Bancadas, representam a totalidade dos Vereadores.

Por isso, tenho a absoluta convicção de que aprovaremos o Projeto com a Emenda, que dará condições de debate amplo para todos nós. Saúde e paz! Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra, para discutir o PR nº 40/98.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, conversávamos agora com o Ver. Fernando Záchia e ele dizia que esta Casa tem um Regimento que precisa ser mudado,  de  antes do advento da televisão - permanente foco do olho público no Plenário - e de antes da presença dos meios de comunicação eletrônicos.

Parece-me fundamental esse raciocínio, porque se a exigência do Vereador, no debate com seus colegas é uma, o compromisso com a didática e com algumas normas de televisão é imprescindível e indispensável a partir da presença da televisão, que funcionaria como um fiscal público do nosso trabalho. Desta forma, alguns itens do Regimento devem ser mudados, por exemplo, quando discutimos a Lei de Diretrizes Orçamentárias, quando discutimos o Orçamento ou quando discutimos alguma coisa relacionada com a Lei Orgânica do Município, ou a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a LDO, nós temos uma Pauta Especial e essa Pauta Especial destina no atual Regimento 15 minutos para quatro Vereadores, durante uma hora se discutiria. A experiência tem mostrado que a grande maioria dos Vereadores não usam os 15 minutos e, quando os usam, perdem o poder de síntese. E mais, a inscrição é feita com uma fila que começa às 14 horas, e poderia, pela quantidade de tempo e pela diversidade das inúmeras Bancadas, muitas vezes, tornar-se um monólogo, porque a maioria dos Vereadores do Partido dos Trabalhadores, chegando mais cedo e tendo uma Bancada muito maior, poderiam se revezar e, permanentemente, ocupar esse tipo de espaço.

Com seis vagas, certamente, a chance do debate ficar mais difuso, de o debate se espalhar é maior. E mais do que isso, nós exercitaríamos nosso poder de síntese, pois, ao invés de 15 minutos, faríamos 10 minutos, em geral, tempo mais do que suficiente e inclusive, na minha opinião, extremamente generoso para trato de assuntos que são indiscutivelmente vitais para o dia-a-dia da administração pública.

Então, dessa forma, e com a colaboração dos Vereadores Juarez Pinheiro - que já debateu de uma forma muito esclarecedora, quando esse Projeto esteve em Pauta - João Dib e Guilherme Barbosa, esse meu Projeto, que limitava o número de Vereadores por Bancada, abre mão do limite de Vereadores, mas passa a reduzir o tempo e aumentar o número de Vereadores inscritos. Abre mão do limite de Vereadores por Bancada, mas aumenta o número de Vereadores, fazendo com que o processo seja muito mais democrático.

A combinação desses dados com a candente necessidade de mudança do Regimento em alguns dos seus pontos vitais, com  a presença de meios de comunicação, com o acesso e fiscalização da sociedade ao trabalho dos Vereadores, faz com que, além da mudança do Regimento, tenhamos uma mudança nas nossas posturas, abrindo mais os debates, sendo mais democráticos, dialogando mais e fazendo o contraponto, que é fundamental à controvérsia, e que, muitas vezes, não conseguimos concluir em alguns debates.

Isso, então, faz com que esta Casa se reorganize e se adapte aos novos dias e às novas tecnologias. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Obrigado, Ver. Cláudio Sebenelo. O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir o PR nº 40/98.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Vereadoras, ontologicamente, o Ver. Cláudio Sebenelo e eu estamos de pleno acordo com a proposição.

No que tange à questão pragmática da votação dessa matéria, nós votaremos o Projeto e conjuntamente a Emenda apresentada.

Mas, V. Exa. levantou aqui questões importantes que tratam da alteração do  nosso funcionamento nesta Casa. Quero fazer uma triste constatação - que seria positiva, em função da iniciativa da Mesa Diretora, presidida pelo Ver. Clovis Ilgenfritz - da publicização dos nossos trabalhos legislativos. A transmissão das nossas Sessões tem servido, a juízo deste Vereador, não para qualificar o debate, mas para desqualificá-lo.

Digo isso, porque, muitas vezes, as intervenções são mais voltadas para impressionar quem assiste, e aqui há vários jornalistas, inclusive os Vereadores Luiz Braz e o Antonio Hohlfeldt, que é professor, eu sou neófito na área, não conheço.

Mas, eu penso que essa disposição de, a qualquer momento, ocupar a tribuna não para fazer o debate com a cabeça aqui no Plenário, mas voltado para a visão de quem nos assiste, muitas vezes, leva à desqualificação dos nossos debates nesta Casa.

Isso eu digo com tristeza. Inclusive era uma idéia do Ver. Lauro Hagemann, que seria interessante que se fizesse uma discussão sobre esse tema com quem conhece a área, como um comunicólogo, para que se pudesse transmitir para quem assiste, realmente a essência, o fundamento dos nossos debates.

Mas eu quero dizer que isso é um paradoxo, porque democratizar a informação tem que ser positivo. Eu considero complicado quando se inverte isso,  criando o fato em vez de noticiar o fato, como faz a imprensa. De qualquer forma, Ver. Cláudio Sebenelo, a iniciativa é válida.

Eu penso que este Plenário precisa passar para a sociedade a expressão proporcional do pensamento ideológico das facções que aqui chegaram pelo voto popular. V. Exa. reclama, com justeza, que, na questão do orçamento, havia dificuldade para que fosse expressado o pensamento das várias correntes políticas e ideológicas que compõem esta Câmara, mas nós temos uma distorção imensa neste parlamento, e eu gostaria da consideração de V. Exa., porque esta matéria vai ser apreciada.

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Exa. concede um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador Juarez Pinheiro, V. Exa. está falando, com muita propriedade, com muita inteligência, com relação aos meios de comunicação. Mas eu queria apenas dizer-lhe que o problema não é a Comunicação de Liderança, mas o Grande Expediente, que, muitas vezes, fica perturbado por nossa tendência a esse tipo de deformação que V. Exa. frisou com muita clarividência.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Obrigado, Ver. Cláudio Sebenelo. Eu quero, com isso, demonstrar que nós, uma Bancada de doze Vereadores, temos dificuldade para expressar o pensamento de uma parcela ponderável da Cidade, porque nós temos a possibilidade de fazer apenas uma Comunicação de Liderança, tanto quanto outras Bancadas, que são representativas mas que têm um número menor de componentes. Então, na verdade, nós não expressamos o sentimento do conjunto da Casa.

De outra parte, eu tive uma certa tristeza, porque havia concordância entre Lideranças, inclusive defendido por V. Exa., Ver. Cláudio Sebenelo, também pelo Vereador Luiz Braz , que todas as Lideranças assinaram, no sentido de que houvesse um acordo político para que invertêssemos a ordem dos trabalhos na Casa: que o Grande Expediente viesse logo após o período de Pauta, para que houvesse o contraditório. Para minha tristeza, uma das pessoas que eu considero que, dentre nós, no que tange à oratória, é o Ver. Pedro Américo Leal, que já foi Deputado, e no momento não está presente, ele levantou uma questão de ordem processual no sentido de que a matéria já havia sido apreciada numa Comissão Especial e que não caberia mais Emenda. Isso  impossibilitará que o acordo, celebrado entre todas as Lideranças, possa ser concretizado.

Essa decisão do Ver. Pedro Américo Leal poderá ser suprida pelo Líder da Bancada, o Ver. João Dib, nos dando a oportunidade de retomarmos o acordo efetuado. Se todas as Lideranças reafirmarem os discursos colocados, e se o Ver. Pedro Américo Leal refluir na sua posição, através da Liderança do Ver. João Dib, nós poderemos retomar para esta Casa, com mais intensidade, a clareza e a importância do debate político que pode ser promovido. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra para discutir o PR nº 40/98.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, o Projeto do Ver. Cláudio Sebenelo, se aprovado, garantirá uma participação maior, um aumento do número de Vereadores que se pronunciarão na tribuna em relação a uma questão fundamental, de responsabilidade primeira dos parlamentos, que é a discussão do orçamento. O Projeto apresenta uma questão muito importante para esta Casa e que, hoje, no Brasil inteiro e em vários outros países se discute: a questão da democratização da discussão do orçamento, fora e dentro dos parlamentos.

Eu acho que hoje, nesta Câmara, as várias discussões que são feitas sobre o orçamento ou sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias não têm muita visibilidade para a sociedade porto-alegrense. Talvez a grande parcela da população desconheça o quanto os Vereadores trabalham para construírem o orçamento da Cidade, porque desconhecem o processo legislativo. O envio do orçamento, a discussão e o estudo que cada Vereador faz, as consultas que os gabinetes fazem à população nos seus contatos para definir novas Emendas, o trabalho das Comissões técnicas, a disputa do Plenário Acho que esse Projeto propicia a oportunidade de mostrarmos à sociedade que a Câmara Municipal é um instrumento, que não apenas fiscaliza, mas que aprova o orçamento. E que na Câmara, durante meses a fio, os Vereadores discutem esse tema, consultam a população  e constróem as modificações necessárias para aprovação do orçamento da Cidade.

O Projeto do Vereador trouxe também à tona uma outra questão, sobre a qual nós ainda não nos aprofundamos, que é exatamente a do quanto os Vereadores, trabalhando no Plenário, tem o seu trabalho visualizado pela sociedade, e até que ponto a intromissão de um instrumento de visibilidade, como a televisão, permite que a comunidade acompanhe o trabalho do seu parlamentar, ou do conjunto dos parlamentares, e o quanto isso influi na postura interna do parlamento.

A preocupação do Ver. Juarez Pinheiro é uma preocupação importante, porém, temos que utilizar todos os instrumentos que permitam a sociedade conhecer melhor nosso trabalho. Não importa que, em algum momento, na utilização desse instrumento, nos preocupemos mais com a imagem, mais com o canal que expressa o nosso pensamento do que com o conteúdo desse pensamento, porque, seguramente, será uma atitude passageira e, aos poucos, nós Vereadores nos acostumaremos, não apenas com o canal 16, mas também com a Internet, Intranet e com todos esses instrumentos de comunicação moderna que devem ser usados para fazer com que o trabalho do parlamento tenha mais visibilidade. Estes instrumentos devem propiciar à sociedade o acompanhamento do trabalho daquela pessoa que ele escolheu, entre tantos e tantos candidatos, para  dedicar a confiança do seu voto .

Acredito que o fato de, hoje, várias Câmaras, Assembléias e o próprio Congresso Nacional, terem um canal de televisão, criou a possibilidade de um acompanhamento maior da sociedade, do trabalho dos parlamentares, mas também criou uma compreensão maior do que significa a estruturação desses poderes.

Até muito recentemente a grande parte das notícias que eram veiculadas na grande imprensa, sobre os parlamentos, eram justamente aquelas notícias de maior impacto. E as notícias de maior impacto são efetivamente as notícias negativas de todos os setores. O que atrai a atenção é, exatamente, quando uma coisa não funciona bem. Eu acho que a criação do canal a cabo que faz a cobertura das atividades do parlamento é uma contribuição nova, é a democratização da informação e a construção de uma maior visibilidade que, infelizmente, ainda não conseguimos utilizar da melhor forma, mas, treinando e praticando, chegaremos lá. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Leão de Medeiros está com a palavra. Ele está  ausente no momento. O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir o PR nº 40/98.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, estou absolutamente de acordo com a proposta do Ver. Cláudio Sebenelo, assim como parece que a Casa, através de seus 33 Vereadores, concorda com a democratização dos espaços, para que possamos discutir o Orçamento. Eu acredito que todos os Vereadores devam ter chance  para vir a esta tribuna e expor suas idéias, principalmente, quando esta Casa discute o principal Projeto de todos os anos, que é o Projeto do Orçamento. Eu quero discordar do meu amigo Juarez Pinheiro, quando ele disse desta tribuna que os debates foram rebaixados depois que a televisão, através do Canal 16, começou a transmitir imagens deste Plenário. Eu acho que não! Eu acho que, inclusive, os debates foram qualificados, e nós demos oportunidade para que o público, através do Canal 16, conhecesse o trabalho e a idéia dos Vereadores no Plenário e as suas idéias. Outra coisa muito importante: não é a divulgação, através da imprensa,  televisão, rádio e jornal, que faz com que o Vereador tenha o seu voto garantido. Nós já tivemos aqui exemplos de oradores brilhantes que passaram por este Plenário, que ocuparam  espaço de rádio, televisão e jornal, e toda essa participação não refletiu no número de votos que esses Vereadores tinham quando participavam das eleições. Só para dar um exemplo, vou citar dois amigos brilhantes: o Ver. Omar Ferri foi um dos oradores mais brilhantes desta Casa e ocupava espaço em rádio e TV, inclusive com programa permanente em televisão, e o Ver. Werner Becker, a quem também reputo como um dos  mais brilhantes  Vereadores que passou por este Plenário, grande conhecedor do Direito. Cito também o Ver. Dilamar Machado. Mas esses, na hora de buscar o voto, não conseguiram o êxito pretendido. O que faz com que o eleitor defina seu voto é: conhecer o seu candidato e conhecer também o seu trabalho junto às bases. O contato que esse candidato tem com os seus eleitores é que faz a definição. Esse espaço é extremamente importante porque ajuda o eleitor a conhecer os seus candidatos, a conhecer os Vereadores, mas não é, na verdade, definidor do voto do eleitor, apenas ajuda nas definições.

Então, acredito que os debates foram qualificados. Dêem uma arma a mais ao eleitor para que ele conheça os seus candidatos. E é claro que, por muitas vezes, o orador que está nesta tribuna fala alguma coisa que difere do nosso pensamento. Não gostamos, por vezes até queremos intervir, mas não podemos. Já ouvi comentários assim: aquele que está na tribuna está falando bobagens. Mas isso porque não falou dentro daquilo que gostaríamos que falasse. Só que isso é muito bom, porque faz com que cada um de nós tenha a independência para colocar seus pensamentos. E é nessa individualidade que vamos chegar ao nosso eleitor e ajudá-lo a se definir.

Mas o importante neste Projeto do Ver. Cláudio Sebenelo é que, além de darmos esse instrumento a mais, poderemos ter um espaço maior para que todos os Vereadores possam dizer o que pensam a respeito do orçamento. Teremos oportunidade para que um número maior de Vereadores possa falar das suas idéias, no mesmo espaço de tempo, quando estivermos discutindo na Pauta o orçamento da Cidade. Acho que não existe Projeto mais nobre que tramite nesta Casa do que o Projeto do orçamento; por isso a população tem que conhecer o pensamento de todos a respeito dessa matéria. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir o PR nº 40/98.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este Projeto de Resolução, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo é importante, ele amplia a base do debate numa questão fundamental que é a discussão da lei mais importante da Casa, que é o orçamento, o Plano Plurianual e, de resto, as Diretrizes Orçamentárias. São questões importantes pois se relacionam com o sacrifício da população, que carreia verbas para  os cofres públicos, através de impostos e taxas, e, com a aplicação desses recursos,  devolve-se tudo isso à população em obras e serviços. Trata-se de assunto da mais extrema importância. Concordo com o Projeto do Ver. Cláudio Sebenelo e com a Emenda, não fosse isso, eu iria pedir destaque para a Emenda, porque estabelece dois por Bancada. Na medida em que o Ver. Cláudio Sebenelo amplia para seis o número de Vereadores por Sessão para discutir a Pauta Especial e elimina dois por Bancada, entendo que o Projeto está perfeito. Discordo, por outro lado, da Emenda do Ver. Guilherme Barbosa e vou dizer porquê. Porque se, por uma lado, uma Bancada que tem um número grande de Vereadores tem uma desvantagem, por outro lado tem as suas vantagens. Vejam que uma Bancada de doze Vereadores, como a do PT, corre a lista doze vezes, tem mais oportunidade nas Comunicações, no Grande Expediente, tem um potencial maior, pelo número, para apresentar proposições. As Bancadas têm o mesmo tamanho da representatividade. Vejam bem, uma Bancada composta por um Vereador ou  dois Vereadores é tão Bancada quanto uma de dez, doze, etc., porque o que importa é a unidade, a expressão política dessa Bancada. Estabelecer-se um critério proporcional, como pretende a iniciativa, é, na minha opinião, fazer-se várias Bancadas, e poderia, em situações possíveis, criar até um conflito dentro da própria Bancada, com posições políticas, ideológicas, na Comunicação de Líder, porque muitas vezes se destitui o papel da Comunicação da Líder, que deve ser feita naquelas oportunidades onde se confrontam posições político-ideológicas, ali a Bancada deve falar pela Liderança.

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Elói Guimarães, quero ressaltar o pronunciamento do Ver. Juarez Pinheiro sobre o problema do Grande Expediente. Não pode ser abastardado, transformado de um debate político para um debate social de homenagens. Isso cria para nós um problema forte, essa é a nossa luta e o que V. Exa. está pinçando é da maior importância, não só para o debate, como para esse problema ideológico que deve haver no ponto e contraponto do pronunciamento de Liderança.

 

O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Agradeço pelo aparte. Em outra ocasião,  eu disse que, assim como na Física, na política também a cada ação corresponde uma reação. Como o Projeto inicialmente era uma redução da proporcionalidade do Plenário, nós apresentamos aquela Emenda que ampliava a possibilidade de uso do tempo de Liderança. Feito o acordo, que ficou muito bom e que vamos votar, eu retirei a Emenda.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Eu entendi a iniciativa de V. Exa., que foi uma forma de travamento àquela iniciativa que estabelecia dois por Bancada e que cometeria o erro que a Emenda do Ver. Guilherme Barbosa ofereceria. Ele tratou o veneno com o próprio veneno. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais quem queira discutir, vamos colocar em votação. Em votação o Projeto de Resolução nº 040/98. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.)  APROVADO.

Em votação a Emenda nº 2, aposta ao Projeto nº 040/98.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES (Questão de Ordem):  Eu indagaria a V. Exa. qual a Emenda que vamos votar.

 

O SR. PRESIDENTE: A Questão de Ordem é procedente, pois é com relação à matéria que está sendo votada.  Uma Emenda está retirada, só restou a de nº 2.

Em votação a Emenda nº 2 aposta ao Projeto nº 040/98. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

Estão suspensos aos trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 11h39min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 11h40min): Estão reabertos os trabalhos.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05 minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 1201/98- PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 047/98, de autoria do Ver. Hélio Corbellini, que autoriza o Poder Executivo Municipal a firmar convênio para a execução do serviço de Inspeção Veicular de Segurança.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. João Motta: pela rejeição do Projeto;

- da CEFOR. Relator Ver. João Dib: pela rejeição do Projeto;

- da CUTHAB. Relator Ver. Lauro Hagemann: pela aprovação do Projeto.

 

Observações:

- incluído na Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM;

- adiada a discussão por duas Sessões.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 047/98.

Requerimento, de autoria do Ver. Hélio Corbellini, solicitando adiamento da discussão da matéria por uma Sessão.

O Ver. Luiz Braz solicita que seja feita a chamada nominal para a votação do Requerimento que solicita o adiamento da discussão por uma Sessão do PLL 047/98, Proc. nº 1201/98

Não havendo, no momento, Secretário na Mesa, convido o Ver. Luiz Braz, por indicação do Ver. João Dib, para, como Secretário “ad hoc”, que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para votação.

O Ver. Luiz Braz retira o Requerimento de votação nominal, mas este Presidente verifica, visualmente, com toda tranqüilidade, que no momento não há quórum para que venhamos a fazer a apreciação do Requerimento do Ver. Hélio Corbellini.

Nesse sentido, estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 11h41min.)

 

* * * * *